PROMOVER A HISTÓRIA DAS PROPRIEDADES EM PROJETOS TURÍSTICOS. INTELIGÊNCIA ECONÓMICA E CONSCIÊNCIA CULTURAL
Recordando a máxima de um sábio antigo, de nome Horácio, tudo quanto o homem produz deve cumprir dois requisitos essenciais: delectare e instruire. Ou seja, dar prazer e ser útil.
Atendendo a esta ideia, a construção da história de uma propriedade tem a capacidade de fazer o mesmo relativamente a um projeto turístico, nomeadamente hoteleiro.
Quanto se planeia a transformação de um outrora nobre palácio, palacete ou solar para um hotel de charme, ou de uma quinta ou herdade secular para um alojamento de turismo rural, a principal preocupação é, legitimamente, económica, muito centrada em dois aspetos: a funcionalidade e estética arquitetónica e a ambiência e comodidade interior e exterior.
O gosto (do olhar) e o conforto (do corpo) do cliente ditam as regras. No entanto, a identidade de um espaço dessa natureza deve ser vivida em toda a sua plenitude, a qual compreende, de igual modo, a parte física, mental, emocional e do espírito.
É aqui que a inteligência económica do empreendedor passa a trabalhar em parceria com a consciência cultural do investigador.
De que forma? Afinal, que lugar ocupa e que importância possui a identidade de uma propriedade?
À semelhança de uma pessoa, também esta tem a sua história ou narrativa de vida específica, indissociável dos respetivos proprietários e dos objetivos, projetos, ambições e expetativas dos mesmos.
Conhecer as fases evolutivas de uma propriedade, desde o traçado e construção, passando pela vivência plena da missão ou missões, até ao ocaso e sequente ponto de viragem, adaptando-se e vencendo no tempo atual, é, acima de tudo, aprender a utilizar proveitosa e conscientemente o legado dos seus projetistas e fundadores, das gerações que nela habitaram, das marcas e impactos que deixou nesse território.
O empreendedor que se alie a um investigador, com o objetivo de conhecer a história identitária da propriedade que herdou ou adquiriu, define, desde logo, uma visão estratégica singular – diferente de toda a concorrência – capaz de lhe fornecer um conjunto de conhecimentos e informações que aplicados no enriquecimento e otimização do projeto constituem, seguramente, um dos eixos basilares do seu sucesso.
Não se trata apenas de potenciar harmoniosamente a relação do antigo e do moderno, mas de conquistar e envolver o público-cliente, criando nos hóspedes e visitantes memórias de vida inesquecíveis.
Então, como fomentar uma ligação estreita entre o público-cliente e a identidade da propriedade?
Tornando-os, simultaneamente, espectadores e atores nessa história.
Para tal, é fundamental que o repositório de informação única e específica sobre a propriedade seja empregue in loco e online, recorrendo a diversos veículos e materiais de divulgação turística.
In loco, não basta tornar o edifício e o meio envolvente bonito e confortável, à que levar o visitante/hóspede/cliente a comunicar com o mesmo, através da caracterização histórica desse espaço, a qual pode pontilhar na sua fachada, nas salas de refeições e convívio, nos corredores e quartos, nos jardins e piscinas, bem como nas mais variegadas atividades de lazer, unindo o lúdico ao instrutivo.
Isto sem esquecer que tanto as peças decorativas como as utilitárias, até o mais pequeno e singelo acessório, podem contribuir para o conhecimento da história da propriedade e, consequentemente, para o enriquecimento da estadia dos seus usufruidores.
Não obstante, para que a escolha do visitante/hóspede/cliente recaia sobre este e não aquele hotel ou quinta/herdade é necessário que exista uma sustentada plataforma de divulgação, sobretudo online, interligada às principais redes sociais e a motores de busca especializados.
A construção de um website informativo e dinâmico é essencial, onde a história da propriedade deve constar como ponto de partida, assumindo uma transversalidade na estrutura e conteúdos do mesmo, incluindo os materiais de divulgação turística disponíveis online (folhetos, trípticos, e-books), ou até mesmo na Newsletter.
O diálogo com o internauta, potencial cliente, tem, assim, início no momento que este acede ao respetivo website.
Para consubstanciação da relação estabelecida entre o edifício, o local e o cliente – até porque quando a estadia se torna uma experiencia de vida incomparável, este último procura levar a inscrição dessa memória consigo – a disponibilização de um livro ou de uma brochura para venda é deveras importante.
Em suma, o enriquecimento e a otimização diferenciada que a história da propriedade confere ao hotel ou à quinta/herdade justifica, certamente, o regresso dos visitantes/hóspedes/clientes.